terça-feira, 23 de agosto de 2011

Trilogia desnorteada ou três poemas perdidos


I.

que perigo
há na solidão
em relação
aos demônios
que te beijam
as mãos?


II.

na direção
dos montes
que te escondes
pássaros negros
tentam a sorte:

- fogem às claras
da morte!


III.

saber resta
que ponte levadiça 
se atravessa na poesia
pra imobilizar 
o passo da agonia

(...)


(Cris de Souza)


terça-feira, 16 de agosto de 2011

Poema de poro aberto

(Salvador Dali)



É de voragem o sol
Que nos devora
E na pele arvora  
O sono de felino
Nessa cinza morna
Se transtorna  
A respiração de tigre
Nas dobras do destino        
Que amiúde atinge        
A sede  do imo    



(Cris de Souza & Wender Montenegro)

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Um Poema de Ferro nas Mãos de Cronos

 (Goya, Cronos comendo um de seus filhos)



suspeitas
que por falta
de sangue frio
ou de muito soro
em tuas mãos
não morro?
só corro
entre a omissão
das horas
e  o tic-tac  
dessa  pronta           
memória
a cortar o tempo
na  demora das macas:
- antes do ‘coma
seus  filhos vivos’
trago a faca!


(Cris de Souza)