Retro expectativa

Espírito naftalino

Entrou pelo cano

Em fim de ano

(Cris de Souza)

Concordança

Dancers in Paradise, Jan Saudek

Você sente, se qualificou
Que foi seu jeito, sujeito
Que me equalizou

(Cris de Souza)

Um dia à Dali

Salvador Dali

Quarta se abre

Em quarto néon:

Cor de acordeom

(Cris de Souza)

A todo o transe

Diante

Do pó

Distante

Da ética

Danou-se

A poética

(Cris de Souza)

Desjejum

O que temos

Para agora?

Água, pão

Ou esmola

(Cris de Souza)

Seresta

Se de dia

Era amor

Se de tarde

Era tecido

Seria à noite

Amortecido?

(Cris de Souza)

Data às claras

Nada

Custa

Declarar:

Nem tudo

Que calo

Vem a calhar

Nem tudo

Que calas

Volta a encalhar

(Cris de Souza)

Tambores

Só recito

Em teus ouvidos

Se te sentir

Em meus tímpanos

(Cris de Souza)

Sarau

Falar contra os homens...

Que tolice a vossa!

Dizei-me, acaso quereis

Ironizar as variações da bossa?

(Cris de Souza)

Embarcação

Vila Velha/Cris de Souza

a Vinícius Cavalcante

O primeiro

Passo  

Se adivinha: 

Virar

De bordo                                    

Como

Quem diz

“Caminha”...

(Cris de Souza)

Horário de versão

De agora em diante
Adianto o óbvio:
Prefiro ampulheta
A relógio

(Cris de Souza)

Diálogo

Poeminha para todos os metaplágios

eu leio e tento esquecer

para não me atormentar

por imagens e palavras

que ainda serão minhas

(Assis Freitas)

Metaplágio para todo o poeminha

eu leio e tento escrever

para não me atropelar

por imagens e pá-lavras

que ainda serão vinhas

(Cris de Souza)

* Publicado originalmente em mil e um poemas

Caixinha de surpresa

a Samuel Moura de Brito

Gosto quando

A lira salta

Da ponta do pés

Às pálpebras

(Cris de Souza)

Migalhas

Seria patético

Não fosse

Poético:

Não adianta

Mendigar

Atenção

Quem exibe

Sua pena

É pavão!

(Cris de Souza)

Precipitação

a Joelma Bittencourt

A queda 
Por desvios
Me desvia
Da queda

(Cris de Souza)

Redito em volta do vão

I.
Se sair

Do vão

Não passa

II.
Mais vale

Um passo em vão 

Do que dois vagando  

III.
De vão em vão

A entrelinha

Enche o vago  

(Cris de Souza)

Portal

Imagem: Laura Ballesteros

Entre a menina que sou

E a que ser supus:

Uma terceira a anos-luz

Reduz a relação

(Cris de Souza)

Contrafeitiço

Cada um tem seus critérios:

Preciso de que me deixes sorrir

Para que eu te tire do sério

(Cris de Souza)

Qualquer obra

Qualquer Arnaldo/Tiago Cunha Fernandes

Qualquer Arnaldo

Qualifica o quadro:

A cada centímetro

De clareza,

Um metro quadrado

De incerteza

(Cris de Souza)

Intervalo

Fica esperto:

É perto da dor

Que desperto

(Cris de Souza)

Corujice

(Foto: Cris de Souza)

Manu, nove aninhos, dispara:
- Como você sabe que a coruja é menina?
Respondo sem hesitar:
- Intuição feminina!
Manu balança a cabeça como quem diz "Ô bicha doida!".
Ainda não sei a que natureza se refere, mas, pela pose, a coruja deve saber.
Então, arregalamos os olhos e rimos... as três.

(Cris de Souza)

* Na foto, nossa ilustre vizinha/ Praia de Itaparica- Vila Velha

Variação

Eu, contra

Tu, ponto

Nós: contraponto

 (Cris de Souza)

Termômetro

A febre se despe

Em pele que pulsa:

Veste a carapuça

(Cris de Souza)

Recapitular

Seria novela      

Se não fosse

Entre nós

Um novelo

(Cris de Souza)          

Imprevisto

Resumo da ópera:
Alma em ária
Corpo em cólera

(Cris de Souza)

Vínculo

(ao bruxo Barroso)

A velocidade dos insetos:
Vagam várias vespas
Sobre o mesmo verso

(Cris de Souza)

Informe

Não tenho 
Sangue de barata
Mas desbaratino

(Cris de Souza)

Redito

I.

Um olho

No fogo

E outro

No facho

II.

A língua

É o bacanal

Do corpo

III.

Antes sal

Do que mal

Adoçado

IV.

Divagar

Se vai

Onde

V.

Quem

Desenha

Quer contar

VI.

Uma entrelinha só

Não faz

Versão  

(Cris de Souza)

Conto da carrocinha

com seus sete mil disfarces o gato rouba a cena

deixa as unhas de fora e calça as botas no poema

(Cris de Souza & Joelma B.)

Poema mumificado

(a meu filho Vinícius)

Casa de artista

Só dá pinel

Quem dorme

Em sarcófago

Acorda em mausoléu

Cris de Souza

Alfinetar

Aquela entrelinha          

Já foi aguda:

Ficou 

Mais grave

Ao se fazer 

De agulha

(Cris de Souza)

Arquivo torto

Quem digita
Não cogita
A impressão

(Cris de Souza & Joelma B.)

Segundas intenções

Arte: Marcelo Hubner

Por trás de um buquê de flores

Abrem-se a dois mais ardores

Do que supõem nossos botões

(Cris de Souza)

Entrelaces

Veja AQUI.

Exposição

(Wassily Kandisky)

Obra-prima
Familiar:
A arte de falhar

(Cris de Souza)

Pretexto

(Joan Miró)

Basta uma lua      

E vira uivo            

O verso      

Basta um vinho    

E vira verso 

A uva           

Basta um verso

E vira vasto

O resto

 (Cris de Souza)

Cuidado

Trocando em miúdos:
De ti eu cuido
Se for meu escudo

(Cris de Souza)

Em branco

(Anja Millen)

À beira
Do barranco

O jazz da neblina:

Jaz o tempo

De ser bailarina?

(Cris de Souza)

*Poema inspirado na imagem, desafio poético proposto por Tania Regina Contreiras.

Esboço de leitura...

... para o teu olhar fotográfico - veja AQUI.

Prévia

Pano de fundo:
Pele fértil,
Ponto fecundo

(Cris de Souza)

Conversa para amaciar pretensão

(Heironymos Bosch)

- Só te dou prazer.
Confessa!

- Confesso!
Qual vai ser a penitência?

(Cris de Souza & Joelma B.)

Saideira

A mesma dúvida
De sol a sol:
Bavaria, brahma ou skol?

(Cris de Souza)

Extensão

Pra começo

De conversa:

Não cometa

O vice-versa!

(Cris de Souza)

Aliciando

não me contentam

esses cantos sem passarinho

uma pena só pena

um ninho só ninho

(Cris de Souza)

*  Metaplágio para a poética de Alice Ruiz.

Pontapé

 (Arno Rafael Minkkinen)

Se a arte

Não der

Pé,

Que parte

Aguenta

As pontas?

(Cris de Souza)

*Poema inspirado na imagem, desafio poético proposto por Tania Regina Contreiras.

Simbólico

bilhete

para um sonho:

a sombra

só pode ser

sonâmbula

(Cris de Souza)

*Inspirado num poema de Sant Anna.

Decifração

O que não falta
É motivo
Para se mover

(Cris de Souza)

* Dedicado a Joelma Bittencourt, inspirado em sua lira.

Matiz

(Fotografia: Cris de Souza)

Toque

turquesa

Branco

brochante

em linha tesa

(Cris de Souza)

Árvore da Poesia

Em ramo de quem me inspira. Veja AQUI.

Poetas Vivos

Homenageando a quem admiro. Para ler, clique AQUI.

Receita para brindar astrolábios

Um copo de gim
Um drops de anis
Um verso de assis

(Cris de Souza)

* Metaplágio para a poética de Assis Freitas.

Ponto óbvio

Fotografia: Sthepanie Bracciano

O ser sóbrio

O ser sozinho

O ser sombrio

Vagueia

De malas prontas

Em torno do fim

(Cris de Souza)

* Poema inspirado na imagem. Desafio poético proposto por Tania Regina Contreiras.

Quase-nada

(dedicado ao poeta José Carlos Sant Anna)

Fotografia: Cris de Souza

O alvorecer
Tende a ser alvo:
São e salvo

(Cris de Souza)

Foto Síntese

Dedicado a Cris de Souza- veja AQUI.

Um conto...

. . . para Cris de Souza, leia AQUI.

Outonal

O dia atrofia
Fia a noite
Em linha fria

(Cris de Souza)

Poema pardo

( Wassily Kandisky)

uma corda
para
o tempo

uma reta
para
a roda

uma roca
para 
o vento

um verso
para
a prosa

(Cris de Souza & Joelma B.)

Façanha

Toda aranha
Dança um reggae
Ainda que escorregue
Nas entranhas

(Cris de Souza)

* Inspirado num poema do bruxo Barroso.

Cumprimento

a poesia corteja

o corpo da manhã

feito uma cortesã

(Cris de Souza)

Papo mole

(Arte: Ana Rasha)

minhocas

na cabeça

batem boca

à beça

(Cris de Souza)

Os opostos ainda se distraem

Ele 
faz as contas
do que ouve

Ela 
faz de conta
que nem houve

(Cris de Souza)

Charada

Ainda exclama

Alguma chama

Mas nenhuma

Chamada 

(Cris de Souza)

Vocábulo

(Pintura: Salvador Dali)

Quem anda com morcego         

Desanda a morcegar                

Desde o meio termo

(Cris de Souza)

Sinfonia de Sereia

Fotografia: Cris de Souza

o mirar 

rende 

a miragem

rege

as areias

em rendas 

de mar


(Cris de Souza)


                                                                        

Pesponto

(Paul Klee)

A linha enamorada

Faz da entrelinha

A sua morada

(Cris de Souza)

Pontuais

Ontem oliva...

Hoje hortelã!

Amanhã avelã?

(Cris de Souza)

Um poema visual

A perto

(Fotografia: Cris de Souza)

Um trago de quinta

Cinge qualquer

Quarta de cinzas

(Cris de Souza)

Alegoria

(Pintura: Maria Helena Vieira da Silva)

O valete azara

A dama em fanfarra:

O coringa cai na farra!

(Cris de Souza)

Trinca em torno de Ira

( a Iracema Buscacio)

I

em corpo de ira
cada poro
é uma garganta
que grita

II

a pele transpira
quando ira
se acende pira

III

santa lira
roda feito
pombagira
na saia da ira

(Cris de Souza & Joelma Bittencourt)